segunda-feira, 8 de março de 2010

Hum...Brigadeiro!!!!

Era uma vez um brigadeiro que virou doce...
História do Brigadeiro!!!
Apesar da onda de macarons e cupcakes, os brasileiríssimos brigadeiros não perderam sua realeza e ainda ganharam versões gourmet, feitas com ingredientes especiais



Acusa-se o leite condensado de padronizar o sabor de antigos doces brasileiros, sobrecarregando-os de açúcar, comprometendo sua delicadeza e ajudando a destruir a diversidade do paladar nacional. A crítica faz sentido. Fascinados pela sua cremosidade, homogeneidade e concentração de sacarose que chega a doer na garganta, adquirimos o hábito de despejá-lo em tudo. Só porque o consideramos gostoso, achamo-nos no direito de modificar ícones centenários, como o pudim de leite e a sericaia de Elvas, ambos nascidos nos conventos portugueses dos tempos coloniais.
Entretanto, sem o leite condensado, que chegou da Suíça no início do século XX com o nome de Leite Moça, não haveria brigadeiro, o docinho mais amado do Brasil. Favorito das crianças, converteu-se na estrela das suas festas.
As informações sobre onde e quando o brigadeiro foi inventado se mostram imprecisas. Quanto à autoria, parece ter sido coletiva. Afinal, nada mais elementar ou intuitivo do que combinar seus ingredientes: leite condensado, chocolate e manteiga. Inicialmente, chamava-se negrinho, em alusão à massa escura. Até hoje os gaúchos o denominam assim.
Brigadeiro - originalmente brasileiro!
A voz do povo informa que virou brigadeiro em 1945, quando Eduardo Gomes disputou com Eurico Gaspar Dutra a presidência da República, sendo derrotado nas urnas. Brigadeiro da Aeronáutica, ele ajudara a escrever um capítulo da história do Brasil. Foi um dos líderes do Tenentismo, movimento político emergido entre oficiais jovens das Forças Armadas, celebrizado pela rebelião militar de 1922. No dia 5 de julho, um grupo formado por três oficiais, quinze praças e um civil que se juntou no trajeto, saiu do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, e enfrentou a tropa governamental fortemente armada. O combate durou 30 minutos. O futuro Brigadeiro sofreu um tiro de fuzil e caiu gravemente ferido.
Balls de chocolate são verdadeira tentação tanto para crianças quanto para adultos
Eduardo Gomes ainda fundou o Correio Aéreo Nacional e se converteu em patrono da Força Aérea Brasileira. Em 1950, voltou a disputar a presidência, perdendo para Getúlio Vargas. ‘Vote no Brigadeiro, que é bonito e é solteiro’, dizia o slogan eleitoral, que não lhe rendeu os votos necessários, mas fascinou as mulheres. Dutra era homem feio e Getúlio nunca constituiu padrão de beleza.
Mesmo nas tradicionais forminhas plissadas, os pratos de porcelana são uma nova opção de apresentação do doce
Duas versões explicam o nome do docinho difundido nacionalmente a partir dos anos 50. A primeira conta que mulheres do Rio de Janeiro, engajadas na campanha de Eduardo Gomes, preparavam negrinhos em casa e os vendiam na rua com o nome de brigadeiro, destinando o dinheiro ao fundo de campanha. A outra, espalhada pelos adversários do candidato, é difícil contar sem incorrer em vulgaridade. Mas, como circula no país, precisamos registrá-la. O tiro desferido em Eduardo Gomes na rebelião do Forte de Copacabana haveria atingido os testículos. Ora, a receita do docinho brigadeiro não utiliza ovos. Assim, o nome teria conotação maldosa.
Bem crocantes, as bolinhas de chocolate são o confeito que mais se assemelham ao granulado
Apesar de batizada no Rio de Janeiro, a receita provavelmente se originou em São Paulo na década de 20 ou 30. A dedução se baseia em uma evidência. Quando o docinho surgiu, seus ingredientes básicos eram elaborados no Estado. Em 1921, a Nestlé abriu em Araras, a 171 quilômetros da capital paulista, a fábrica número um no Brasil e logo passou a elaborar o pioneiro Leite Moça. O produto representa até hoje o maior volume de vendas entre os mais de mil itens que industrializa no país. Ainda em 1921, começou a funcionar no bairro da Mooca, em São Paulo, uma prestigiada indústria de chocolates. Chamava-se Gardano. Fabricava um chocolate em pó de qualidade e prestígio, conhecido entre os consumidores como ‘chocolate dos padres’, por reproduzir na embalagem uma tela do pintor toscano Alessandro Sani, do século XIX, na qual dois sorridentes monges católicos aparecem diante de uma panela e de um prato. Também fabricava o Mentex. Foi incorporada pela Nestlé em 1957, mas os monges permaneceram na embalagem. Até hoje ilustram o Chocolate em Pó Solúvel Nestlé, com a pintura original de Sani transformada em desenho.
A doceira Julianna Motter trabalha sob encomenda, mas a guloseima na porcelana com formato de coração pode ser saboreada em visitas agendadasCoincidentemente, as antigas receitas de brigadeiro recomendam ‘chocolate dos padres’ e Leite Moça. A elaboração do brigadeiro, embora simples, pressupõe o domínio de certos truques. ‘Pode-se deixar a massa cozinhar menos ou mais tempo’, ensina o pâtissier Flávio Federico, de São Paulo. ‘No primeiro caso, haverá um docinho de textura macia; no outro, ele ficará meio puxa-puxa e grudará nos dentes’. Existe um terceiro segredo. ‘Caso seja preparado em fogo muito alto e houver um movimento não uniforme da espátula ou colher na panela, o açúcar do leite condensado caramelizará e formará pequenas bolinhas crocantes na massa’, acrescenta Flávio Federico.

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